terça-feira, 9 de novembro de 2010

Denso. Agressivo. Real.


   Sobre o documentário "Nós que aqui estamos por vós esperamos", seria muito pedantismo endossar uma reflexão desencadeada por meio de um documentário tão denso, em breves palavras. A tentativa vem a seguir.
   Aqueles sons, imagens e falas, deveras agressivos, nuances reais, de pessoas reais, que sem ao menos dar-se conta, por um sórdido instante, tornam-se protagonistas, fazem-se donos de ações, que juntas, em linha de produção, geram a força de trabalho que movimentam catástrofes. Sejam estas pessoais ou alheias.
   Um século "organizado" sob instantes, pontuados pela morte, seja esta, por conta de uma discordância partidária, um muro, que erguido por duas mãos, é saltado por dois pés, que coincidentemente compunham o mesmo corpo, quem tem culpa por nascer negro, judeu, ou mulher?
   O matrimônio que gera bombas... desde o "período gestacional", até o cumprimento da ação a que foi destinada. Tal substantivo feminino impele-nos a questão de gênero, que ignorado em tal atividade, por um breve instante, soa como um estímulo velado aqueles corpos femininos, que clamam com força bélica em essência, por libertação, esta atitudinal, com vestes transgressoras despidas por ações, que ao final do expediente, ninavam cada qual sua depressão, em forma de vida real.
   E segue o convite: Senta na cadeira elétrica, tome uma aspirina, observe os bens adquiridos, reflita religiosamente sobre as diferenças, hoje seu travesseiro é de ninguém, e o filho segue a espera, e nós que aqui estamos vazios por vós esperamos.


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