terça-feira, 19 de outubro de 2010

Sobre a "teoria da curvatura da Vara"

   Por meio da obra intitulada “Escola e Democracia”, esta já em sua quadragésima edição, traduzida para o espanhol e referida como um clássico do pensamento pedagógico latino-americano, Dermeval Saviani nos impele a reflexão acerca da política educacional. É no desvelar do capítulo segundo denominado “A teoria da curvatura da Vara” que segue o exercício da criticidade, regido por três teses políticas que vem como subsídio a fim de melhor “instrumentalizar-nos”, para o apêndice que as segue, este sim apontando a referencia emprestada de Lênin, que a enunciou segundo Althusser (1977, PP.136-138).

   O autor ao munir-se da teoria, contextualizando-a como metáfora, busca inquietar o leitor, conduzindo-o ao desequilíbrio das “certezas” ditadas pelo senso comum. Tais certezas conduzem à dicotomia entre ação e reflexão, ofertando produtos interpretativos superficiais oriundos da recomposição hegemônica, que por sua vez compõe o cenário de um sistema que por si, supostamente justificaria a não “ação pedagógica de cunho político”.

   Todavia segue a “Flexibilização da Educação”, esta sim historicamente construída por meio de uma cultura reprodutivista, na qual os educadores que fomentariam seus orientandos à prática social, ironicamente compõem a “massa de manobra” não se compreendem dominados, logo, mantém-se na zona de conforto, quando deveriam estar à frente travando a zona de confronto , na qual sua práxis se efetivaria no questionamento.

   Se nos revelam teses polêmicas que cuidadosamente explanam sobre a Escola Tradicional, revolucionária, de caráter científico, de essência, esta não “portadora de todos os defeitos e nenhuma virtude”, como também a Escola Nova que ao demonstrar-se reacionária, pseudo-científica e antidemocrática, não detém” todas as virtudes”. Fica posto que o devir epistemológico esta para a reflexão, assim compondo uma ferramenta a favor do questionamento, este inerente ao processo de transição, que ao estabelecer-se nos conduz ao aprimoramento, ou a subordinação?


domingo, 17 de outubro de 2010

"A Infância e a educação em Platão" segue em 2010?

   No decorrer do artigo intitulado “Infância e educação em Platão”, o autor Walter Omar Kohan, em movimento de reflexão, organiza em sua produção o entendimento de Platão, acerca da infância, desvelado em quatro planos que dialogam entre si. Abordada a face “infância como material da política”, pautando-se nas obras Alcebíades, Górgias, República, e nas Leis, o artigo orienta neste momento a política como premissa representativa inerente as relações ocorridas entre educação, filosofia e infância.

   Afim de melhor compreender tal construção, é de estrutural importância o movimento de busca à etimologia de infância, salvaguardados os diversos conceitos e desdobramentos advindos da referida palavra. “Em latim existe infantia, mais é bastante tardio e designa literalmente a ausência de fala”, “... a palavra infantes também passa a designar a muitas outras classes de marginais que não participam da vida pública...”.

   Tais citações remetem a reflexos atuais que são designados como consequência, visto que a educação é historicamente concebida e influenciada por diversas correntes ideológicas, que por sua vez compõem etapas epistemológicas acerca de tendências, hora hegemônicas, frutos de desdobramentos orientados por fatores históricos, políticos e culturais, que demonstram contextos adequados ou não a cada época. Fica posto que, o “currículo”, neste interpretado como a seleção de “conteúdos”, orientações e obras que irão influenciar na formação deste “ em potencial” gestor, evidenciam a origem da educação bancária, se me permite a referência ao termo, o condicionamento, estruturalmente conteudista, hoje atribuída a sociedade do conhecimento, esta imediatista e instrumental.

   Esta construção histórica, todavia foca uma sociedade classicista, na qual, alguns são formados, outros se subordinam, aos tiranos dos velhos e novos mundos, que aprimoram suas estratégias pautadas na alienação, projetando-nos a um lugar social em que se opera a manutenção do poder.

   Sobre a infância... , tabula rasa, repleta de vazio, intervalo de tempo entre o nascer e o devir. Instante em que se de (forma) o caráter de um alguém, este já privilegiado em suas potencialidades, forjado a serviço da política, de um ideal infante, que a alguém pertence, defensor dos interesses alheios, habitantes da Polis de ninguém.